Foi durante um almoço com uma amiga jornalista que ouvi falar d'O Fim da Inocência pela primeira vez. Ela tinha sido das primeiras pessoas a ler o livro mas o cenário que me descreveu foi tão mas tão chocante que pensei "isto não é para mim" - e esqueci temporariamente o assunto. Não queria ler sobre a história verídica da aluna do St. Julian's que aos 14, 15 anos já era correio de droga e participava em tudo quanto era orgias. Era demasiado Christiane F. goes XXI Century para mim.
Mas a verdade é que, pouco tempo depois, me apareceu outra pessoa a falar do livro de Francisco Salgueiro. E mais outra. E eu percebi que, apesar de os meus filhos ainda serem relativamente pequenos, estava na altura de tirar a cabeça da areia e enfrentar aquele que me foi descrito como o "worst case scenario" de uma adolescência. Ou quase.
Fui à Fnac e encontrei imediatamente o título, para minutos mais tarde chegar a casa e perceber que tinha comprado não o primeiro mas o segundo livro, que acabara de ser lançado naquela altura (daí o destaque no Top Fnac). E que, em vez de ser sobre uma rapariga, era sobre um rapaz da mesma idade.
Levei-o no meio dos livros para férias e... sem querer estragar a "surpresa" a quem ainda não leu, os ingredientes de ambos os títulos são tão parecidos quanto chocantes: dois adolescentes pertencentes a famílias de classe alta e que frequentam bons colégios que, com pouco mais de 13 anos, já fizeram um pouco de tudo, desde experimentar drogas a fazer sexo com tudo quanto mexe - e cujos níveis de popularidade são avaliados pelo número de amigos que têm no Facebook (menos de mil significa que são uns fracassados), pela facilidade com que enviam mensagens de sexting, pela quantidade de festas obscuras que frequentam e pela quantidade de palavrões que lhes sai pela boca fora.
Li o primeiro livro numa tarde de Verão e emprestei-o aos vários amigos que passavam férias connosco. Todos tirámos a mesma conclusão - que os protagonistas de ambos os livros tinham Pais tão abastados quanto ausentes - mas ainda assim, apesar de o murro no estômago que aquela leitura representou para todos nós, ninguém se arrependeu do "choque de realidade". Porque, citando a "Inês", a protagonista do primeiro livro, "hoje em dia os pais têm pouca ideia daquilo que se passa realmente com os filhos." E isso sim... é verdadeiramente assustador.
6 comentários:
Fiquei interessada em ler. Se encontrar compro! obrigada por partilhar.
Li o livro este ano. Já o tinha em casa há algum tempo, mas nunca lhe dei prioridade na leitura, nem sabia bem do que se tratava...tinha uma ideia pelo título e pela sinopse.
Comecei a ler e logo nas primeiras páginas me senti incomodada. Mas é um incómodo que nos faz não parar de ler. Quando cheguei ao fim a minha expressão foi mesmo essa, "um murro no estômago". Por ser uma histórias verídica e por se passar em sítios que também frequentei, sítios onde também passei a minha adolescência. Mas a realidade dos miudos do livro ultrapassa o guião de qualquer filme de adolescentes. Fez-me muita impressão mas ainda bem que o li. Foi mesmo um "abre olhos".
Apesar de serem livros muitíssimo chocantes, acho que deviam ser de leitura obrigatória para todos os Pais...
Estão na minha lista, mas tendo sido adolescente há muito poucos anos (na verdade ainda me sinto adolescente)e tendo estudado ao lado de Chelas dos 10 aos 14 anos devo dizer que o que é retratado no livro é mesmo o PIOR caso possível. Imagino que um pai ou uma mãe fiquem aterrorizados depois de ler certas partes do livro, mas a verdade é que a maioria dos adolescentes acaba por não entrar por caminhos tão extremos como prostituição e drogas pesadas. Se fosse mãe penso que a minha maior preocupação seria mesmo o tabaco e as drogas leves, é uma tristeza 70% dos alunos da escola secundária onde eu andei fumarem.
Li os 2 livros, e quero acreditar que aquilo sejam o pior dos piorzinhos. Deu que pensar, de facto. NOTA: Ambos os livros são baseados em histórias reais.
Hoje em dia os pais só têm pouca noção do que se passa com os filhos porque o querem. Eu, há 20 anos atrás, fiz coisas parecidas e os meus pais de pouco souberam. Tenho por costume pensar o pior dos meus filhos, ou seja, se eles forem sair vou suspeitar da ida ao café como sendo uma passagem pela arrecadação para uns amassos com os namorados, coisas assim. Tenho muito pé atrás, talvez por saber as porcarias que fiz.
Enviar um comentário