Toda a gente sabe que isto de ser Pai tem muito que se lhe diga. Que é das tarefa mais difíceis com que um ser humano se pode deparar e que nem todas as pessoas poderão estar à altura dos desafios que ela acarreta. Isto para não falar da enorme responsabilidade que é conceber, criar e educar outro ser humano.
Neste contexto, enquadro-me naquela que penso ser a maioria: a dos Pais que fazem o melhor que podem, que colocam os filhos à frente de tudo e todos mas que raramente têm a sensação de dever cumprido - devido a um trabalho que lhes absorve cada vez mais tempo e a um ritmo de vida que os impede, na maior parte das vezes, de stop and smell the flowers. Que é como quem diz, de gozar os filhos como deve ser.
Assumindo-me, portanto (de forma sincera e algo envergonhada), como uma Mãe imperfeita, faz-me imensa confusão assistir às manifestações de desafecto de muitas crianças com quem me cruzo. Faz-me confusão levar os meus filhos ao colégio e receber beijos e abraços de miúdos que, para todos os efeitos, não me conhecem de lado nenhum; ter uma série de colegas de escola a implorarem-me para vir cá à casa sempre que há uma festa de anos... e, como já aconteceu, ter crianças a pedirem-me para ser Mãe delas. À frente da própria Mãe. Logo a mim, que sou uma Mãe igual a tantas outras.
Se a isto acrescentarmos que a esmagadora maioria estas crianças provem de um meio (aparentemente) favorecido, a coisa torna-se preocupante. É que os meus filhos, apesar de imperfeitos como eu, nunca fariam isto. E eu até tenho medo de imaginar o que poderá estar por detrás de tanta falta de afecto.