Posso andar o ano todo a ver filmes de crianças, mas chega esta altura do ano e é ver-me em modo sangria desatada a ver tudo quanto é filme candidato aos Oscars. O primeiro peso-pesado foi
Dallas Buyers Club (O Clube de Dallas), passa-se em 1985 e conta a história verídica de Ron Woodroof (Matthew McConaughey), um
cowboy altamente homofóbico que descobre ter sida e a quem dão apenas 30 dias de vida. Inconformado com este diagnóstico, assim como com os efeitos devastadores do antiviral AZT, o único medicamente autorizado pela FDA para o combate ao HIV, Woodroof decide procurar tratamentos alternativos nos quatro cantos do mundo - e disponibilizá-los através da adesão a um "clube" ao qual dá o nome de
Dallas Buyers Club.
Este é um daqueles filmes relativamente aos quais dizemos "o filme é ele". Sendo "ele", obviamente, Matthew McConaughey, que faz o papel de uma vida ao desempenhar Woodroof. Para começar, o embate visual é impressionante: McConaughey perdeu 20 quilos para fazer o papel e está praticamente irreconhecível. De resto, toda a interpretação do cowboy homofóbico está absolutamente brilhante e digna tanto do Globo de Ouro como do SAG Award ganhos por McConaughey, assim como da nomeação para o Oscar de Melhor Actor.
Importa ainda assinalar a beleza invulgar da relação de amizade altamente improvável desenvolvida entre Woodroof e Rayon, um travesti igualmente infectado (brilhantemente interpretado por Jared Leto) e a constatação de que a saúde de todos nós está nas mãos dos interesses económicos ditados pelas grandes empresas farmacêuticas e dos mandamentos de organizações como a FDA (Food and Drug Administration).
Em resumo: a não perder.