A propósito da reportagem "Grávida depois dos 50" que saiu na Revista do Expresso deste fim-de-semana - e correndo o risco de ser muito injusta -, acho que ser Mãe a partir de uma certa idade é um acto de puro egoísmo.
Não digo que todas as mulheres tenham que ser Mães novas, muito pelo contrário: os tempos são outros, a esperança de vida também e eu própria tive o meu primeiro filho aos 32 anos. Mas ser Mãe depois dos quarenta e poucos anos (vá) é, quanto a mim, uma grande inconsciência. Não só porque os riscos são mais que muitos, como também porque estas mulheres não fazem ideia do que é ter-se um Pai "velho" - com quem sabemos não ter tanto tempo assim. O meu Pai teve-me aos 40 anos e eu já sinto esse medo peso. Imagino o que seria se me tivesse tido aos 50.
Uma das senhoras entrevistadas pelo Expresso já é avó de dois netos, engravidou voluntariamente aos 51 anos e afirma que conta com a filha mais velha para cuidar do filho caso ela morra cedo. Posto isto, penso que não haverá muito mais a dizer.
Ou haverá?
15 comentários:
Eu discordo completamente da sua opinião. Só uma criança muito mal formada terá esse preconceito da idade. Eu tenho uma diferença de 15 anos do meu irmão mais novo e nunca ele se sentiu inferiorizado quando o pai de 50 e poucos anos o ia buscar à primária.
Acho que a idade não importa, tanto que eu tive o meu primeiro filho aos 21 anos e a minha última gravidez foi aos 33 anos, e com 33 tinha mais maturidade,e com 40 ainda mais e com 50 (ainda não cheguei lá...) talvez seja a cereja no topo do bolo!!
A paciência,amor,tempo é tudo a dobrar.
Ter filhos cedo para os pais tratarem acho que vai dar no mesmo que ser mãe tarde e os supostos irmãos darem uma força,não concordas?
Beijinhos com carinho meus e da Lu
Concordo. Também li a reportagem. Acho que a disponibilidade física e psicológica para ter uma criança é muito menos com 50 anos de idade. Já para não falar dos inúmeros riscos acrescidos para a mãe e para o bebé.
Eu acho que não há regras, mas da minha experiência familiar - uma cunhada teve o primeiro filho aos 43 e o segundo aos 45 - sinto que a paciência é menor. Ela e o marido da mesma idade estão mais cansados e têm menos pedalada que nós, pais de 35 anos... E também já não somos propriamente novos!! Mas a vida aconteceu-lhes assim. Ela andou quase uma década com abortos e tratamentos até ter mudado de médico e ter tido a primeira filha in vitro. A segunda, veio sem tratamento, um ano depois...
Eu tive as minhas filhas aos 27, 29 e...36. E se por um lado, a maturidade ajuda-nos em muito, por outro lado, fisicamente já achei uma grande diferença, quanto mais aos cinquenta. Eu tenho 20 anos de diferença da minha mãe e sempre pensei que já tinha começado tarde. Mas como tudo na vida, cada um encara os desafios à sua maneira. Se eu teria outro filho agora (45)? Não. Totalmente fora de questão. bjs
Ana Teresa
eu acho que a idade importa sim, acho uma grande inconsciencia e um enorme egoismo.
Bjos
Maggie
Joana: não é uma questão de vergonha nem tão pouco de complexos de inferioridade, o que seria! Refiro-me antes à certeza de que vamos ter aquela pessoa por menos tempo na nossa vida. Percebes?
E como disse no post, não tenho nada contra quem tem filhos mais tarde, como o caso da cunhada da vidasdanossavida. Mas depois dos 45, mais coisa menos coisa, já acho que é esticar a corda, pelos mais variados motivos.
Mas lá está... como em tudo na vida, é tudo uma questão de perspectiva. E esta é apenas a minha!
este foi o tema de conversa com amigas minhas a semana passada. foi um debate saudável, com a questão do egoísmo/altruísmo em cima da mesa. não chegámos a nenhuma conclusão (até porque cada pessoa sabe da sua vida), mas pareceu-me claro que, depois dos 40, nenhuma de nós arriscaria ser Mãe. certo? errado? julgo que tem a ver com a vivência de cada uma e da forma como encaramos a maternidade.
Tenho 17 anos, a minha mãe tinha 40 anos quando nasci e o meu pai 43, fui um "acidente". E sim tem razão, apesar de eu adorar a minha família (os meus pais, as minhas irmãs e os meus sobrinhos) sinto também um pouco esse peso, mas mesmo assim não a trocava por nada :)
Eu penso exactamente da mesma maneira. Por outro lado o meu pai era novo quando eu nasci e eu tinha 19 anos quando ele morreu, o que me leva a pensar que a idade é apenas só um dos factores da equação.
Mas nao deixo de concordar com a sua ideia, principalmente quando já se foi mãe anteriormente. Mas claro...cada um sabe de si :)
Por muito que eu adorasse ser mãe de novo, passei dos 50 nunca arriscaria ter um filho nesta idade. Tenho 4 filhos, vou fazer 52 anos e já não tenho a vitalidade, juventude, paciência, etc que tinha aos 20, aos 30, ou mesmo aos 40.
Como mulher e como mãe, baseada na minha experiência de vida e em factos científicos, para tudo existe uma idade, um momento, uma oportunidade. Todos sabemos que a partir de certa idade, maiores são as probabilidades de concebermos filhos com problemas, daí serem exigidos exames específicos como amniocentese, biópsia do trofoblasto (colheita das células fetais para determinação do cariotipo fetal, entre outros. Eu passei por estes dois exames, não pela idade, mas por outros motivos circunstanciais e com sinceridade foram momentos de angústia que não desejo relembrar. Hoje só peço a Deus saúde, para poder acompanhar os meus filhos no futuro. Já são adultos, mas todos estudam e são dependentes economicamente de mim e do maridinho e precisam de nós. Não me considero uma pessoa egoísta, aceito os bebés diferentes, mas nunca correria o risco conscientemente. Sinto-me com idade para ser avó, não para colocar um filho no mundo. Respeito todas as opiniões, mas eu tenho a minha, eu tenho a idade, eu tenho consciência que os anos não passam por nós em vão.
Obrigada pela partilha.
Bjs
Já tive esta conversa algumas vezes com algumas pessoas e acho que não tem a ver com a criança se sentir inferiorizada com o facto de ter pai ou mãe mais velhos que os amiguinhos.
Trata-se de pensar que aquele serzinho vai precisar de suporte em momentos cruciais que dada a idade um pouco mais avançada, ele pode não poder desfrutar. Trata-se da energia para fazer as mesmas coisas que uma criança, ou adolescente, ou jovem, com todos os seus conflitos, demanda. Trata-se de ter que pensar, quando ainda mal se está a curtir a alegria que deve ser (porque ainda não tive um) ter um bebé, em providências máximas como: conta poupança para universidade desde logo, possível guardião no caso de algum acontecimento infeliz, e sei-lá-mais-o-quê. Trata-se do efeito que isso pode ter na vida de outras pessoas, que podem ter que arcar com uma responsabilidade que não era inicialmente sua, e que nem se sabe se estão prontos para ela e podem ser obrigados a passar a estar.
Enfim, nada contra quem seja mãe "tardiamente" porque acho que recomeçar é todos os dias. mas sempre, sempre, com uma alma cheia de empatia. com o se colocar nos sapatos do outro.
Muito obrigada a todas pelo vosso feedback. Tem sido interessantíssimo ler as experiências e opiniões de cada uma, mesmo!
Não consegui ler....alguém consegue disponibilizar a reportagen on-line??
obg
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