sexta-feira, 10 de maio de 2013

Do fotojornalismo

Fotografia do português Daniel Rodrigues, vencedor da categoria "Vida Quotidiana" do World Press Photo 2013 ( porque seria incapaz de publicar a fotografia vencedora)

Durante muitos anos fiz questão de ir à exposição World Press Photo. No entanto, com o passar do tempo, fui tendo cada vez menos vontade de ir. Talvez porque a esmagadora maioria das fotografias é um verdadeiro murro no estômago. E porque saio de lá sempre com o coração apertado. E porque não consigo deixar de imaginar os fotógrafos que captam  muitas daquelas imagens como uma espécie de abutres, que nada fazem até a presa sucumbir para depois a atacar fotografar de forma impiedosa. É como a fotografia do casal que morreu abraçado no prédio que ruiu no Blangladesh (e que sou incapaz de publicar aqui): para além de poderosíssima, cumpre a importante função de acrescentar humanidade a um acontecimento que - à partida - não nos diz muito respeito de tão distante que é. Mas que, uma vez mais, me deixou com o estômago às voltas.

No fundo, sei perfeitamente que não só os fotógrafos não são abutres (ou pelo menos espero que não sejam), como também existe uma vincada função de alerta social inerente ao fotojornalismo. Mas ainda assim... para me pôr mal disposta, já basta a vida.


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