terça-feira, 21 de agosto de 2012

Do lado amargo do Pingo Doce

Desde que me casei que faço compras quase diariamente no Pingo Doce: porque sempre morei ao pé de um, porque gosto dos produtos da marca deles e (claro) porque é barato. Ao longo destes 10 anos já lá vi pessoas de todos os géneros, incluindo muitos velhinhos que pagam as compras com dinheiro vindo directamente do envelope da reforma e imensos sem-abrigo que usam as moedas acabadas de ganhar a arrumar carros para comprar um saco de pão. Ou um pacote de vinho de mesa, mas isso agora não vem ao caso.

Não é mistério para ninguém que a campanha do último Dia do Trabalhador, apesar de genialmente (pseudo-)orientada para o consumidor, visou única e exclusivamente o proveito próprio; ainda assim, acabou por ser uma win-win situation e tanto a Jerónimo Martins como os seus clientes saíram a ganhar com o negócio. Pena é ter sido sol de pouca dura. Agora, o Pingo Doce prepara-se para ostracizar (embora de forma velada) muitas das pessoas que lhe deram dinheiro a ganhar. Pouco, mas deram. Assim como os comuns mortais que (como eu) não costumam andar com muito dinheiro na carteira: porque acabam por gastá-lo ao longo do dia, porque não têm tempo para ir ao Multibanco, porque não gostam de andar com muito dinheiro, não interessa.

É certo que as comissões cobradas pelos bancos para os pagamentos com cartão são tudo menos razoáveis. O problema é que, com esta iniciativa, se abriu uma caixa de Pandora que dificilmente voltará a ser fechada (vejam o exemplo dos subsídios): João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, apressou-se a revelar à Antena 1 que esta decisão pode estender-se a outras superfícies comerciais e também ao comércio em geral - e a prova é que também o Jumbo admitiu a possibilidade de vir a fazer o mesmo. Por outras palavras, estamos a atravessar uma crise profundíssima e era uma questão de tempo até alguém ter esta brilhante ideia. Só nunca esperei que fosse o Pingo Doce.

6 comentários:

Vespinha disse...

E repara: se dizem que com esta medida vão poupar 5 milhões de euros em taxas, imagina as vendas que fazem para chegar a este valor...

Mary disse...

É verdade. Que escândalo!

RITITI disse...

Imagina eu...com um PDoce mesmo alia o lado. Compro imensas coisas q não chegam a 20 €...tipo coisas do dia a dia...(legumes q faltam p sopa, Iogurtes) note-se - lá em casa somos duas !!!...resultado BYE BYE Pingo Doce (e não me venham com a desculpa há ali um MB mesmo em frente)...

Mary disse...

Rititi, é como eu: sempre morei a 100 metros do Pingo Doce e vou lá quase todos os dias comprar pequenas coisas que faltam. Compreendo-te perfeitamente!

Mónica disse...

O que vale é que há opcoes. E a surpresa do PD ser o iniciador não é de facto... Uma surpresa. Só q ate agora as medidas do PD ou nao afectavam os bolsos dos consumidores (sede na holanda apesar dos discursos nacional-pateticos do sr santos) ou ate beneficiavam (apesar das ilegais praticas de dumping). Who cares com double standards e ilegalidades? Mas quando é uma decisao, discutivel, mas legitima a bem da verdade, já se pia mais fino. É má onda; é! Mas de onde vem não me espanta.

Este Blogue precisa de um nome disse...

esses gajos são uns cretinos...