Estava eu a ler a Lux Woman deste mês e deparei-me com um artigo divertidíssimo intitulado "Os Piores Dates de Sempre" - no qual algumas pessoas relatam os piores encontros pseudo-românticos de que têm memória. E de repente a minha cabeça viajou uns bons 15 anos para trás... para o pior encontro da história dos piores encontros.
Uma grande amiga minha embirrou que eu tinha que sair com um amigo dela. Porque ele me tinha visto numa festa e desde aí não se calava, porque não parava de pedir o meu número de telefone, porque tínhamos tudo a ver, porque tinha que ser e porque e porque e porque. Ora, esta minha amiga é uma miúda bastante... persistente. E face à minha indiferença, vai de marcar o restaurante, dizer-lhe que eu tinha aceite e informar-me meia-hora antes, "porque agora ele já está a caminho do restaurante e é tarde de mais para cancelar". Chamei-lhe mil e um nomes, gritei até ficar sem voz e... rendi-me. "Janto num instante, ponho-lhe um par de patins e daqui a duas horinhas já estou em casa", pensei.
Começámos a jantar e dez minutos mais tarde já estava à beira de um ataque de nervos. O rapaz era assim a coisinha mais chata e desinteressante de que há memória e só me apetecia bocejar. Até que, a certa altura, arrebitei. E de que maneira.
- Sabes, nunca pensei vir a estar aqui, a jantar contigo.
- A sério? Porquê?
- Porque tu és de porcelana e eu sou de barro.
- Oi?
- E a porcelana NUNCA se mistura com o barro.
Naquele mesmo segundo, o meu corpo transformou-se num gigantesco alarme de incêndio em modo de evacuação. Fingi que ia à casa-de-banho, liguei a um amigo meu (o oposto do cromo, que é como quem diz o tipo mais engraçado à face da terra) e meia-hora mais tarde ele estava sentado connosco à mesa, a dar uma de emplastro. Falou que se fartou - o outro nem conseguia abrir a boca - e no final do jantar rematou com um "não te preocupes que eu levo a Mary a casa, ainda vamos beber uns copos os dois".
Passámos o resto da noite a rir e no dia seguinte lá tinha a minha amiga aos berros. Porque o outro tinha ficado furioso, porque aquilo não se fazia a ninguém, porque ele era uma jóia de moço e pardais ao ninho. Deixei-a falar e, mesmo no final da telefonema, lancei-lhe um enigmático "mas tu já devias saber que a porcelana nunca se mistura com o barro!" - e, perante a estupefacção dela, mandei-a pedir explicações ao amigo.
Escusado será dizer que foi a primeira e última vez que me tentou fazer um arranjinho.
2 comentários:
Muuuito bom! Que riso! =D
Adorei a história! Imagino o teu pânico, também eu teria feito tudo para sair dali.
Beijinhos, adoro o teu blog :*
Enviar um comentário