quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Das declarações de Isabel Jonet


É inegável que Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, não é uma pessoa particularmente carismática ou eloquente. Ainda assim, juro que não percebo toda a polémica gerada em redor das declarações por ela prestadas na Edição da Noite da SIC Notícias de Terça-Feira passada.

De uma forma geral, acho que ela está coberta de razão: grande parte da população portuguesa viveu largos anos acima das suas posses a agora está na altura de enfrentar a realidade. Haverá, como é óbvio, IMENSA gente que não se encaixa neste perfil, assim como outros tantos que encaixam mas não querem/conseguem admiti-lo. De qualquer modo - e por mais que se tenha caído na generalização mal expressa de uma realidade mais ou menos inegável -, há alguma necessidade de crucificar a senhora? E de (pior ainda) apelar a um boicote ao Banco Alimentar, que tantas famílias ajuda? Mas está tudo doido?! 

Correndo o risco de (agora eu) cair na generalização, há pessoas que não têm mesmo mais nada para fazer.

13 comentários:

Dúvidas e Certezas disse...

Não ouvi as declarações, mas pela explicação do post, estou a ver... pois não podia concordar mais, muitas pessoas viveram muito acima das suas possibilidades numa ânsia doentia de comprar e ter para mostrar. Essas pessoas são um dos grupos a quem todos estes cortes custam, mas destes não tenho pena. Tenho, sim, pena de quem nada tinha e agora ainda pior, nem para comer, por isso boicotar o BA é uma das maiores palermices que já ouvi. Tenham juízo!!

Chicca Maria disse...

No fundo percebi o que ela queria dizer mas explicou-me muito mal. Num mesmo comentário misturou várias situações que são completamente diferentes.

Anónimo disse...

acabei de ver. a isabel jonet está pejada de razão. entre a falência do estado social e a responsabilização de cada um, o que é que as pessoas esperavam que acontecesse? ela simplesmente disse o que muita gente pensa. concordo que não se aplica a toda a população portuguesa (e ela sublinha-o várias vezes), mas mesmo eu que não simpatizo com o banco alimentar (trabalhei com duas associações onde percebi que há muita manipulação dos bens por parte de quem os recebe e de quem os entrega, pelo que quando é para dar prefiro saltar o BA como intermediário) dou razão a esta senhora. a essência do que disse é uma das razões pelas quais as coisas estão como estão e o exemplo do concerto/papa nestum não poderia ser mais acertado. quanta gente é que para ter acesso a bens de segunda necessidade salta os primeiros? e depois muitos desses são os que pedem ajuda ao BA....

Unknown disse...

Lá carismática é ela, só lhe faltou a eloquência para explicar o seu ponto de vista de forma políticamente correcta.
Provavelmente quem anda agora a propor boicotes ao Banco Alimentar serão aquelas pessoas que viram a cara aos voluntários do BA à porta dos supermercados, fingindo que nem perceberam o que lhes estava a ser pedido.
Ela tem a razão de quem acompanha famílias a atravessar enormes dificuldades, muitas vezes porque se comprometeram a pagar casas, carros e hábitos para os quais nunca tiveram capacidade financeira, recorrendo sistemáticamente ao crédito bancário.
Apesar das dificuldades que todos sentimos na pele serem enormes, alguém me explica como foi possível a maior afluência de sempre no Rock in Rio deste ano e o facto dos bilhetes para o concerto dos "One Direction" (ainda para mais caríssimos) terem esgotado em meia dúzia de horas????
Juro que não percebo...

Atlântida disse...

Floripes,

Assino por baixo. Mas infelizmente há gente que para umas coisas se chora muito, que não tem dinheiro (como para uma mudança de casa, em que a empresa de transportes levou o mínimo e indispensável e depois andou a fazer piscinas cá e lá a encher a mala do carro, para além de algumas pessoas próximas que andaram a carregar coisas até às duas da manhã, depois de um dia de trabalho) e depois vejo-a gastar dinheiro em coisas... enfim.

Se calhar, algumas dessas pessoas andam a comer pão o dia inteiro e a tomar banho de água frio para que os filhos possam ir aos concertos.

Vou só ali respirar mais um bocadinho...

Pedro disse...

Estou de acordo, ainda que não se tenha explicado muito bem.

Violet disse...

Mary, nao ouvi as declarações, mas aquilo que tenho lido, leva-me a concordar contigo! Conheço muita gente que vive para as aparências e o que é isso senão viver acima das possibilidades? O que me chateia é que sem nunca ter tido dividas nem ter vivido as custas do estado, vejo-me agora obrigada a mudar rapidamente a nossa vida para nao vir a viver acima das nossas possibilidades. A premissa mudou muito rapidamente e nos somos forcados a mudar tb e é isso que é injusto e muita gente nao quer aceitar.

Mafaldix disse...

Completamente verdade. É uma mulher muito lúcida e que eu respeito bastante pelo trabalho que faz e que permite que muita gente tenha o que comer. É é obvio que a verdade dói a muita gente e que havia muita, muita gente a viver muito acima das possibilidades. O crédito era dado ao desbarato e o (triste) resultado está à vista. esperamos que não consigam acabar com uma das coisas boas que se faz em Portugal.

Mary disse...

Há verdades que são duras de ouvir, é o que é. Só espero (como diz a vidasdanossavida) que o Banco Alimentar e as famílias que dele dependem não sejam prejudicadas por isto!

RITITI disse...

concordo com tudo o que dizes,,,e o que ela afirmou não deixa de ser verdade. Tanta gente a precisar da OBRA desta Senhora...!!!!

spaceman 3 disse...

Mary, não se esqueça de desligar a água quando lava o corta-relva!

E não faça como esta gentinha e não vá a nenhum concerto "roque"!

Atlântida disse...

spaceman,

ninguém está a criticar idas a concertos de rock, ou de qualquer outro estilo, parece-me. Está-se espantado por continuar a haver tanto festival, e concertos e etc, e continuarem a esgotar.

De uma "gentinha"

Mary disse...

Spaceman,

Como a Atlântida diz (e muito bem), ninguém aqui está a condenar quem vai a concertos ou deixa de ir. Cada um sabe de si e, desde que não prejudique outras pessoas, a verdade é que ninguém tem nada a ver com isso.

Aquilo que acho mal é que toda uma obra de 20 anos seja posta em causa por causa de uma entrevista claramente desastrada e infeliz. Porque - para todos os efeitos - o Banco Alimentar alimenta muitas famílias que não têm culpa nenhuma disto.

That simple.